Perguntar Não Ofende
- Autor: Vários
- Narrador: Vários
- Editora: Podcast
- Duração: 270:50:08
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Sinopse
Conversas do Daniel Oliveira Que Não Faz Chorar
Episódios
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José Reis: Como sair da crise persistente?
10/06/2020 Duração: 01h37minComo podemos desglobalizar um pouco a nossa economia? Pegando num exemplo do livro do convidado desta semana, como garantir que em vez de fazermos partes de sapatos ou montarmos bicicletas, fazemos os sapatos inteiros e construímos as bicicletas? Ou como podemos trocar a obsessão pelas exportações por um empenho em substituir importações por produção nacional? Há uma minoria de economistas que se tem dado ao trabalho de tentar compreender o caminho que a nossa economia foi seguindo nas últimas décadas, em especial desde que se integrou na moeda única, para explicar o impacto que a crise financeira global e europeia teve em Portugal. Um desses economistas é José Reis, antigo diretor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e antigo secretário de Estado do Ensino Superior de António Guterres, autor do livro Cuidar de Portugal, publicado na semana passada. Neste episódio, andamos para trás para compreender as fragilidades de uma economia persistentemente periférica. Começando no início dos anos 60 do
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Elisa Ferreira: A Europa tem uma bazuca contra a crise?
04/06/2020 Duração: 01h23minOs apoios anunciados pela Comissão Europeia não são a fisga que se temia. E os critérios de distribuição parecem não ser maus para Portugal. Dinheiro novo e a fundo perdido, serão 15,5 mil milhões de euros. Graças à bomba relógio italiana, não será cada um por si. Mas é bom reduzir a excitação. Não vem aí um Plano Marshall. O dinheiro para socorrer toda a Europa, a fundo perdido, anda próximo de metade dos 994 mil milhões que a Alemanha aprovou em subsídios públicos, apenas para salvar a sua economia. E, com a liberalização dos apoios dos Estados às empresas a concorrência ficará ainda mais difícil para os mais pobres depois desta crise. Tem-se falado do New Green Deal. Seria uma revolução na União Europeia. Mas a Comissão Europeia tem uma longa história de mudanças de 180 graus. Basta recordar o que impôs a partir de 2011 e como agora critica Portugal pelos cortes que foi obrigado a fazer. Neste podcast, conseguimos evitar a moda das entrevistas por Skype, porque não acreditamos no telejornalismo. Não pelo v
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Nuno Artur Silva: Os apoios à comunicação social são transparentes?
26/05/2020 Duração: 01h26minA crise da comunicação social é global. Ainda não se conseguiu descobrir uma forma de rentabilizar o jornalismo na era digital. Sobretudo em mercados pequenos. E muito menos quando plataformas como a Google e o Facebook ficam com 70% das receitas de publicidade digital às cavalitas de conteúdos de terceiros. Perante a crise, há um debate que não é nem novo nem português: se o Estado deve financiar a comunicação social, como faz com a cultura e outras atividades que considera fundamentais e que o mercado, por si só, já não garante de forma plural. Com a COVID-19, os diretores que eram contra os apoios do Estado fizeram fila para os receber. Não estamos perante um subsídio, mas uma antecipação de publicidade institucional. Os critérios parecem ser os mais simples possíveis mas há dúvidas sobre a sua justeza e acusações de falta de transparência. Para este episódio, há que fazer duas declarações de interesses. As duas são óbvias. A primeira, é que, com raríssimos intervalos, foi sempre neste sector que trabalhei
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José Manuel Sobral: O que nos ensina a pneumónica?
20/05/2020 Duração: 01h23minComparar os efeitos da pneumónica com os da COVID-19 é um exercício quase impossível. Na época, Portugal tinha um médico por 2338 habitantes, hoje tem um médico por 189 habitantes. Sendo que quase um quarto dos médicos estava na frente de guerra. A assistência de saúde era caritativa para os pobres e comercial para o resto da população. As condições alimentares e sanitárias eram paupérrimas e agravadas pela guerra. Como no resto do mundo, houve três vagas, e logo na segunda, que foi a mais mortífera, a capacidade hospitalar foi excedida. Não havia vacinas, antibióticos ou antivíricos. Algumas das medidas tomadas foram semelhantes as que se tomam hoje. Foram proibidas concentrações e dados alguns conselhos de distanciamento social. Mas não houve cordões sanitários ou restrições de movimento relevantes. A pneumónica ensina-nos coisas sobre o que vivemos hoje com a COVID-19 mas, acima de tudo, mostra-nos o que mudou no mundo e em Portugal. Falamos sobre isso com José Manuel Sobral, licenciado em História e douto
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José Castro Caldas: Que crise chegou, que crise virá e que alternativas temos?
06/05/2020 Duração: 01h14minA crise é global. Não há para onde fugir, não há para onde exportar. Isto leva alguns a pensar que estamos todos no mesmo barco e assistiremos, como não assistimos em 2009, a uma partilha de riscos na Europa. Mas, ainda não tínhamos chegado ao pico da pandemia na Europa, e a Holanda já perguntava onde tinham os espanhóis gastado o seu dinheiro para agora precisarem de ajuda. Isto apesar da Holanda e da Alemanha estarem a gastar, para lidar com as consequências económicas e sociais da COVID-19, mais do seu PIB do que a Itália ou Espanha. O futuro de Portugal com ou sem austeridade depende sempre do que acontecer na Europa. É provável que a solução seja mais robusta do que em 2009, até porque a crise terá outras dimensões. Mas quem acredita que a União não resistirá a um novo falhanço é otimista. Nada impedirá a União Europeia de ficar ainda mais desigual, ainda mais difícil de reformar e submersa num ambiente político ainda mais hostil e mesmo assim sobreviver. Porque quem pode mudar não precisa e quem precisa
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João Costa: O que vai ser o terceiro período?
28/04/2020 Duração: 01h35minCom o encerramento das escolas, o elevador social da escola pública ficou parado. Encerrados nas suas condições socioeconómicas, centenas de milhares de jovens e crianças passaram a contar com as vantagens que têm ou não têm em casa. A esta desigualdade junta-se a necessidade de muitos pais estarem em casa, em teletrabalho, tendo de acumular os seus deveres laborais com o dever de acompanhar os filhos. Isto partindo do principio que têm as condições materiais para a casa ser um escritório e uma sala de aulas ao mesmo tempo. Chegado ao momento de o governo fazer escolhas, a escola não abriu para os mais novos, como vai acontecer em praticamente toda a Europa. Vai abrir, se essa opção se confirmar no próximo dia 30, para os alunos do 11º e 12º ano e só nas disciplinas em que há exames. No episódio de hoje, com o secretário de Estado Adjunto e da Educação, João Costa, tentamos perceber esta opção de tirar de casa os jovens que não precisam de acompanhamento e deixar lá as crianças, não permitindo que os pais reg
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Francisco Miranda Rodrigues, bastonário da Ordem dos Psicólogos: Como fica a saúde mental dos portugueses em confinamento?
22/04/2020 Duração: 01h30minA contagem diária de infetados e mortos a abrir cada telejornal na primeira grande pandemia da era da globalização, as cidades vazias e as famílias encerradas em casa, criam o ambiente opressivo que, só por si, seria suficiente para perturbar os emocionalmente mais estruturados. E para muitos, a expressão “vai ficar tudo bem” é uma azeda ironia. Sabem que, depois disto, os espera o desemprego e, mesmo assim, estão imobilizados em casa. Seria impossível alguém lembrar-se duma experiência que pusesse à prova, de forma tão vasta e em quase todos os domínios da nossa vida, a resiliência mental e emocional de tantas pessoas em simultâneo. E isso não deixará de ter efeitos duradouros nas relações entre os humanos e na saúde mental e qualidade de vida de milhões de pessoas. Se há quem terá muito trabalho para fazer nos próximos anos, seja clínico seja de investigação, serão os psicólogos. A saúde mental e o seu trabalho ganhou uma centralidade nunca antes vista e é, por isso, que neste episódio falamos com o Bastoná
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Marta Temido: Como vamos sair do confinamento?
13/04/2020 Duração: 01h18minSabíamos que não iríamos matar o vírus e impedir que ele fizesse vítimas. Que o mais perigoso era que nos acontecesse o que aconteceu a Espanha e Itália. E tínhamos tudo para correr mal: as mesmas características demográficas, culturais e, anda por cima, menos camas em cuidados intensivos. Tínhamos tudo para correr mal, mas não correu. Até agora. Mas é cedo para falar, porque nem sequer sabemos se o vírus não regressará no inverno. Que condições precisamos para regressar a qualquer coisa semelhante à normalidade? Quando regressarmos, que estratégias teremos de adotar? Qual será o novo normal até termos uma vacina? Falamos sobre isto com a Ministra da Saúde, Marta Temido, que participa no Perguntar Não Ofende pela segunda vez, num contexto muitíssimo diferente. E falamos sobre o futuro. Olharemos também para a famosa curva, para saber se a achatámos mesmo. Veremos se o governo se preparou bem para isto. Se estamos a testar o suficiente e se não está na altura de mudar de discurso em relação às máscaras. Se os
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Isabel Camarinha, nova secretária-geral da CGTP: Como travar os abusos em tempo de estado de emergência?
08/04/2020 Duração: 01h38minEntrevista de 9 de abril (≅56 minutos), seguida de excerto da gravação de 9 de março (≅40 minutos). Portugal entrou em estado de emergência, centenas de milhares de trabalhadores foram colocados em lay-off, milhares de pessoas foram despedidas e muitos patrões impõem férias que não o são, despedem ilegalmente, mandam embora todos os precários. Ao contrário dos governos espanhol e italiano, o governo português não proibiu os despedimentos. Assim como não proibiu a distribuição de dividendos e lucros ou impôs limites aos salários dos gestores. Assim como não controla grande parte dos abusos. Mas não se esqueceu de limitar o direito à greve, apesar duma requisição civil resolver qualquer problema sério, nem de se isentar de consultar os sindicatos para mudanças nas leis laborais. E, com estas duas medidas, retirou aos trabalhadores todas as armas para se defenderem. Não dos pequenos e médios empresários que tentam desesperadamente salvar as suas empresas e que encontram nos trabalhadores todo o apoio para salvar
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Ariana Cosme: O que está a acontecer aos mais pobres sem a escola?
01/04/2020 Duração: 01h24minPorque a escola é um dos mais poderosos elevadores sociais, quando ela encerra o elevador para. As famílias mais pobres não têm acesso a computadores, a muitos exercícios e às aulas. Não têm os instrumentos culturais para ajudar os filhos no estudo. Não têm até as condições físicas para que esse estudo seja possível. Sem a escola, crianças e jovens voltam a ficar enclausurados no espaço da desigualdade e da pobreza. Em alguns casos, confinados a espaços onde domina o abuso e a violência, sem a escapatória que a escola significava. O confinamento em casa é o confinamento na exclusão social. E isto vai atrasar ainda mais os alunos mais pobres, tornando a corrida ainda mais injusta para aqueles que, depois da COVID-19, voltarão a ser os mais punidos pela crise que virá. Doutorada em Ciências da Educação e professora na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, Ariana Cosme foi consultora para o projeto de autonomia curricular, trabalha em permanência com escolas TEIP e conhece, no
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Filipe Froes: Como está a evoluir a pandemia da COVID-19 em Portugal?
24/03/2020 Duração: 01h16minQuando gravamos este episódio ainda não é claro como nos estamos a sair no combate contra o COVID-19. Por agora, e só por agora podemos falar, não estamos tão mal como os piores – Itália, Espanha, Irão ou China – nem tão bem como os melhores – Alemanha ou Coreia do Sul. Entre a tese que dominou o Reino Unido durante umas poucas semanas, que passava por deixar o vírus garantir a imunidade, protegendo apenas os grupos de risco, e os que defendem uma quarentena geral e obrigatória há um mundo de possibilidades e nuances que, por mais paixões que tomem as redes sociais, não se resolvem em debates entre leigos. E nem todos os países combatem este vírus nas mesmas condições. As comparações são, por isso, arriscadas. Por isso, hoje falamos com o médico Filipe Froes. É pneumologista, diretor da Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital Pulido Valente, em Lisboa, e coordena a Comissão de Trabalho de Infecciologia Respiratória da Sociedade Portuguesa de Pneumologia e o gabinete de crise da Ordem dos Médicos para o nov
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Pedro Siza Vieira: Como resistirá a economia ao COVID-19?
18/03/2020 Duração: 01h22minO governo anunciou, na semana passada, medidas de apoio às empresas e aos trabalhadores. Quase simbólicas, apenas para dar um sinal aos agentes económicos de que seria feita qualquer coisa. E dizer aos trabalhadores que, nesta primeira fase, ainda terão alguma coisa garantida. Por quanto tempo, é também o que tentamos saber com esta conversa. Poucas horas antes de gravarmos este episódio, ministro da Economia e ministro das Finanças apresentaram um pacote mais ambicioso, de que também vamos falamos ao longo desta entrevista. Prorrogações de prazos de pagamentos ao fisco e à segurança social, uma moratória que suspende o pagamento de juros e de capital a empresas que não o consigam pagar, uma linha de crédito de 3 mil milhões de euros para as empresas. 9 mil e 200 milhões de euros em despesa para dar liquidez às empresas. Veremos o que se prepara para os particulares. Certo é que vem um rombo orçamental e qualquer cumprimento do défice é pura fantasia. A dar a cara por este momento difícil tem estado, entre ou
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Graça Freitas: Estamos preparados para o coronavírus?
11/03/2020 Duração: 01h06minO rosto deste período de emergência do surto de coronavírus em Portugal é Graça Freitas, a diretora-geral da saúde que substituiu o histórico Francisco George. Quando começou este processo disse que estávamos preparados para o enfrentar. Essa afirmação, que contrasta com denúncias feitas por profissionais de saúde, já lhe valeu exigências de demissão. Mas antes de nos preocuparmos com responsabilidades políticas, temos de tratar da guerra em curso. Se vamos ser Itália, que falhou no período de contenção antes da inevitável epidemia, ou como os países do norte da Europa, que parecem ter conseguido melhores resultados. Esta conversa foi gravada na manhã de 11 de março e, por isso, todos os dados, números e informações que são fornecidos estão obviamente sujeitos a permanente atualização. Tentámos, aliás, o difícil exercício de não concentrar a nossa conversa em questões que podem ficar desatualizadas em poucas horas. Site da Direção-Geral da Saúde dedicado ao vírus, com todas as informações fundamentais: https
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Paulo Pena: É possível vencer as fake news?
05/03/2020 Duração: 01h28min“A liberdade de opinião é uma farsa se a informação factual não estiver garantida e os factos, eles próprios, estiverem em disputa”. Esta frase de Hannah Arendt abre o livro que serve de mote a esta conversa. Para viver em democracia é preciso partilhar os factos sobre os quais se faz o debate. A verdade e a mentira não deixaram de existir. São elas a base para a percepção de uma realidade partilhada que qualquer grupo de pessoas precisa para viver em comunidade. O convidado de hoje é o autor do livro que referi no início desta introdução, “Fábrica de Mentiras, viagem ao mundo das fake news”. Paulo Pena trabalha no “Diário de Notícias” e no projeto europeu Investigate Europe. É o jornalista português que tem investigado de forma mais sistemática o mundo que rodeia as fake news. Ler um excerto do livro: http://www.gostodeler.pt/libros/fbrica-de-mentiras/MPT-001418/fragmento/ Apoie o podcast em www.patreon.com/perguntarnaoofende Newsletter: www.perguntarnaoofende.pt Obrigado a todos os patronos que apoiam
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Paulo Pedroso: É possível restaurar o Estado Social?
27/02/2020 Duração: 01h48minNa sua experiência política e académica, Paulo Pedroso sempre esteve ligado às políticas sociais. Num momento em que a esquerda tem de escolher se lhe chega ser o aluno bem comportado europeu, ou se prefere reconstruir um discurso aspiracional capaz de lhe dar a capacidade mobilizadora que perdeu para a extrema-direita, a conversa de hoje com ele anda à volta do Estado Social e de um programa para o reativar e defender. Mas também sobre as razões que levaram o professor e ainda administrador do Banco Mundial a desvincular-se do PS. Tendo como pano de fundo a experiência da “geringonça” e o seu fim, e o surgimento de propostas políticas como as de Bernie Sanders, do Sinn Féin ou do entretanto derrotado Jeremy Corbyn. Experiências que nos dizem que o regresso a uma agenda mais agressiva quanto ao reforço das funções económicas e sociais do Estado parece mobilizar muito mais os jovens do que a maioria dos dirigentes de esquerda suspeitavam. Apoie o podcast em www.patreon.com/perguntarnaoofende Newsletter: www.
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Miguel Gaspar: O que vai acontecer no centro de Lisboa?
19/02/2020 Duração: 01h44minEntram, na cidade de Lisboa, 400 mil carros por dia. Com os dos lisboetas, são 600 mil. Não cabem na cidade. Os condutores passam 160 horas por ano presos em filas de trânsito e perdem uma semana de trabalho à procura de estacionamento. E não vale a pena esperar que os transportes fiquem excelentes. Não há bons transportes públicos sem limitação severa do transporte individual. Os carros continuam a ser donos e senhores da cidade de Lisboa. Ocupam mais de metade do espaço publico apesar de estarem parados 95% do tempo e, em 80% dos casos, transportarem apenas um ocupante. Miguel Gaspar não é muito mediático mas tem tido um papel central na capital e, por isso, na vida de milhões de portugueses. Mais técnico do que político, o vereador da mobilidade da Câmara Municipal de Lisboa é responsável pelo avanço das ciclovias, pela explosão dos modos de transporte ativo partilhado e por mudanças no estacionamento que, no passado, levariam à demissão de um presidente da Câmara. Uns dirão que Miguel Gaspar está sintoniz
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Luaty Beirão: Angola está mesmo a mudar?
06/02/2020 Duração: 01h07minEm 2015, Luaty Beirão e mais 14 companheiros foram apanhados na mais sórdida das conspirações: aprendiam, através da leitura, como combater ditadores. Como o poder colonial, os homens do MPLA temiam o que os livros podem fazer a jovens idealistas. No dia 20 de junho foram detidos. A acusação de preparação de atentado contra José Eduardo dos Santos era tão ridícula que só contribua para o objetivo de Luaty e dos seus companheiros: impedir que o mundo continuasse a ignorar, em troca do saque da riqueza angolana, a natureza ditatorial do regime. Na prisão, Luaty completou 36 dias de greve de fome, não permitindo que a sua luta fosse esquecida. Em março de 2016 foram condenados a cinco anos e meio de prisão. Mas, poucos meses depois, e perante a crescente pressão internacional, o regime libertou-os. Entretanto, José Eduardo dos Santos saiu da presidência e a sua poderosa família caiu em desgraça. Luaty foi mantendo a esperança. Suficiente para deixar de se referir ao regime angolano como uma ditadura. Suficiente
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Ana Gomes: “Salvaremos a democracia denunciando a corrupção?”
30/01/2020 Duração: 01h08minAna Gomes, que já foi convidada neste podcast para falar de Europa quando se despediu do seu lugar de eurodeputada, vem aqui para falar de um tema muito diferente, sobre o qual tem sido uma das vozes mais ativas: corrupção. O motivo próximo é óbvio e também nele ela tem desempenhado um papel central de denúncia: o Luanda Leaks, que envolve os negócios de Isabel dos Santos. Sabemos hoje que Rui Pinto foi a fonte dos leaks. Isto tem levado muitas pessoas a sublinhar que parece haver, na justiça, na comunicação social e na política, quem ache há fugas boas e fugas más. A crítica é justa mas não esgota o debate. Que instrumentos aceitamos que um privado use para descobrir a verdade? Mais do que que damos ao Estado? Usar informação recolhida em escritórios de advogados não ataca o núcleo duro do Estado de Direito? Reconheço em Ana Gomes uma combatente incansável na denúncia da corrupção, bem distante daqueles que para beneficio próprio espalham a suspeita indiferenciada e desprezam o Estado de Direito democrático.
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Gonçalo Leite Velho: “Portugal tem ciência e tecnologia que chegue?”
23/01/2020 Duração: 01h18minNa ciência e investigação reina a selva laboral. Com consequências para a liberdade e pluralismo do pensamento académico. E a ausência de um vínculo impede a representação destes trabalhadores na vida democrática das instituições. Desde 2003, têm surgido várias associações que representam estes precários ultra-especializados e muitíssimo mal pagos. Só depois de muita pressão os sindicatos lhes começaram a prestar atenção. Um deles, mas já não o único, foi o Sindicato Nacional do Ensino Superior. O convidado de hoje é presidente do SNESup desde 2016. Gonçalo Leite Velho é doutorado em arqueologia e está a fazer um segundo doutoramento na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. É-lhe atribuída a autoria da primeira “coligação negativa” contra o governo de António Costa, na anterior legislatura, que permitiu corrigir, logo em 2017, o Decreto- lei do Emprego Científico, contra a vontade do Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Com ele, falamos do ambiente que se vive na nossa academia e sob
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Marcelo Freixo: “Bolsonaro pode começar a ser derrotado no seu berço, o Rio de Janeiro?”
16/01/2020 Duração: 01h06minEm Tropa de Elite 2, há um professor de história que se transforma num ativista em defesa dos direitos humanos que acaba por se candidatar a deputado estadual, presidindo aí a uma comissão de inquérito contra o poder das milícias nas favelas. Essa personagem, Diogo Fraga, foi inspirada no convidado de hoje. Marcelo Freixo é deputado federal pelo Partido Socialismo e Liberdade, PSOL, e uma das figuras mais populares da esquerda carioca. De tal forma que, em 2014, foi o deputado estadual mais votado do Brasil. É candidato à prefeitura do Rio de Janeiro pela terceira vez, agora com o apoio do PT. Da última, em 2016, foi à segunda volta e conseguiu, contra Marcelo Crivella, 40% dos votos. Agora avança com uma base muito mais alargada e com o atual prefeito do Rio com baixíssimo taxas de popularidade. É uma das maiores esperanças da esquerda brasileira. E se, como membro de um pequeno partido brasileiro, conseguisse o milagre de conquistar o Rio de Janeiro à direita ultraconservadora brasileira, passaria a ser um