O Brinco Do Baptista

Diz o provérbio popular que “de médico e louco todo o mundo tem um pouco”. Mas neste episódio não queremos fazer um elogio da loucura, pelo contrário, a psicóloga Luana Cunha Ferreira junta-se à conversa para explicar como é fundamental cuidar da saúde mental de cada um. Se, como diz Luana, cada casal é um planeta,  e tem as características únicas, as famílias também têm o seu próprio ecossistema e é vital protegermo-nos hoje para garantir o amanhã, sobretudo no contexto da pandemia do Covid19. Este delicado equilíbrio psicológico é mais patente nos atletas profissionais que se viram arrastados para um pouco admirável mundo novo. É, por isso, importante compreender como pode a sociedade apoiar psicologicamente os cidadãos, e o mundo do futebol os seus jogadores enquanto todos nós esperamos que o jogo volte à normalidade possível.

Da Inglaterra Vitoriana ao café da esquina, dos jogadores aliciados de clubes na penúria ao frequentador de casino, o jogo está em todo o lado. Francisco Pombo, qual Alexei Ivánovitch, junta-se ao Brinco para lançar uns dados sobre o mundo do jogo legal e ilegal em Portugal. Wilson Raj Perumal, o inimigo nº1 do futebol, disse um dia que “o futebol arrisca-se a tornar-se uma espécie de wrestling, com tudo encenado”, Luís Delgado e Pedro Campos entram em jogo para compreender-se o real risco das mafias de apostas num país como Portugal, em que os clubes estão mais vulneráveis do que nunca. Em suma, apostas no vermelho?

Não há bola. Não há público no estádios nem jogos novos na TV, os jogadores contam os dias para voltar a treinar, enquanto os clubes contam os trocos. É óbvio para todos que o futebol tem pela frente o seu maior desafio. O antigo jogador internacional e atual economista, Diogo Luís ajuda-nos a compreender como o futebol português tem de aproveitar este cenário para se repensar e reorganizar. É verdade que as estruturas desportivas portuguesas estão demasiado afastadas das suas comunidades locais e a gestão precisa de se modernizar antes que os clubes morram de indigestão, mas a mensagem é clara: ainda vamos a tempo de ter mais e melhor futebol. Como? Oiçam, oiçam.

São músicas com milhões de visualizações no Youtube, são trabalhadores que chegam aos nossos empregos muito antes de nós, são miúdos que lutam pela vitória no jogo como se o futuro dependesse disso, a cidade invisível existiu sempre à nossa frente, só que nunca a vimos antes. António Brito Guterres junta-se ao Brinco do Baptista para desvendar um pouco dessa outra Lisboa, ou de outras cidades, que empurra tantas pessoas para fora do centro. Dos TWA aos Buraka, do Chullage ao Dino, a música é talvez a face mais conhecida de tantos rostos que não podemos ignorar.

O investigador e jornalista Irlan Simões entra sempre em campo com uma jogada em mente: explicar a todos como é a cultura de bancada brasileira e de que forma ela se tem alterado nos últimos anos. Das novas arenas tão impessoais às SADs que esquecem os adeptos, o Brasil de 2020 é discutido e analisado com vários casos práticos. Já na segunda metade do jogo, o jornalista e autor Sérgio Rodrigues sobe ao gramado para falar-nos do seu livro, O Drible, mas também de Bolsonaro e de que forma a resposta deste ao COVID19 está a mexer com o Brasil.

No episódio 34, e em tempos de uma potencial crise económica no mundo do futebol, Cátia Silva junta-se ao mais famoso trio de ataque do eixo Barreiro-Entrecampos-Monsanto para desvendar um pouco mais sobre a necessidade dos clubes se modernizarem através de uma gestão empresarial e ponderada. Mas este episódio é muito mais do que números

"Nas áreas afetadas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda medidas de higiene e etiqueta respiratória para reduzir a exposição e transmissão da doença (...)". Esta não era de todo a mensagem de aniversário com que contávamos iniciar estas linhas. Vivemos um tempo que exige mudanças. Seja de comportamentos, de metodologias de trabalho, ou da aceitação de que por umas largas semanas, este estado de exceção será o novo normal. Com isto tudo, a bola pode ter parado, mas o Brinco e a sociedade não. Poderá já não haver o jantar preparado pela Mariana, a fluidez que uma conversa feita no mesmo local traz, certamente teremos mais períodos mortos entre conversas e (ponto positivo) talvez o Aires fale menos. Mas nestes tempos de novo normal, continuem a contar com a mesma cumplicidade e determinação de um projeto iniciado há 366 dias.

Como é que o Sport Lisboa e Benfica entra na nossa vida? Não há uma resposta certa mas há mil respostas repletas de histórias e emoções. Neste episódio, o Brinco do Baptista junta-se ao movimento #opodcastédelas e coloca o microfone nas mãos de Magda Pedro. O convidado deste episódio especial? O senhor Lúcio Pedro, o homem da bandeira, o homem das mil memórias, o Pai da Magda. Porque todos os dias são dias do pai, porque todos os dias são dias de celebrar o Sport Lisboa e Benfica.

O Groundhopping, como actividade social, apareceu em Inglaterra no final dos anos 70, assumindo desde o início uma dissidência da cada vez maior estrutura capitalista do futebol de elite, combinando um misto de nostalgia, com a prática de visita a pequenos campos e clubes muitas vezes esquecidos. Neste episódio, os nossos amigos do Vintage Football City Tour, guiam-nos numa viagem por clubes e campos, que embora estando longe dos holofotes, desempenham muitas vezes um papel fulcral de ligação às comunidades aonde os mesmos se inserem. Uma outra visão sobre o futebol, a mostrar que o mesmo não tem de ser um "trinta e um".

"There is more politics in football than in politics" disse um dia Sven-Göran Eriksson. Raquel Vaz Pinto não desmente o mais importante benfiquista sueco e vai a jogo com Aires Gouveia, João Tibério e Sérgio Engrácia para desconstruir o falácia de que o futebol não é coisa política. E se a bola bascula entre Sócrates e Wenger, Tucídides e Gramsci, História e Filosofia, passando pela China, Brasil ou Espanha, chegamos ao final do jogo (que mais parece uma eliminatória a duas mãos) com uma certeza: o futebol joga-se bem "Para Lá do Relvado" e o Benfica também é política

Pensar em futebol é, quase sempre, pensar em festa rija e alegria sem fim. Dos golos orgásmicos à confraternização após os 90 minutos, é indiscutível que o mundo da bola rima muito vezes com a idea de que os rapazes só se querem divertir. Porém, Rodrigo Gaspar, da equipa de futsal Lisbon Foxes, vem ao Brinco do Baptista mostrar alguns dos problemas que existem na excessiva masculinidade tóxica do mundo do futebol. Os preconceitos existem e são mil e uma as generalizações perniciosas: os mariquinhas devem ficar fora do relvado, as mulheres nem sempre são bem-vindas ou os homens não podem chorar. Hoje queremos tirar o futebol para fora do cacifo porque apenas nove jogadores ousaram assumir-se em toda a história do jogo e a culpa também tem de ser do próprio desporto.

1961 não foi um ano qualquer: início da Guerra Colonial; desvio do paquete Santa Maria; condenação de Portugal na ONU; chegada de Ruth a Lisboa; o Sport Lisboa e Benfica vence a Taça dos Campeões Europeus. A partir daquele ano, o Estado Novo vacila e o Benfica agiganta-se nos pés de Eusébio da Silva Ferreira. António Pinhão Botelho é nome de realizador com sangue benfiquista, e é a partir do olhar dele que vemos Ruth tornar-se Eusébio. Neste episódio, Aires, João e Sérgio viajam à boleia de António pela história do Benfica e do Pantera Negra, com passagem pela singularidades do cinema português e do famigerado Vietname benfiquista.

"Não é normal não saber, perceber ou aceitar que 'não' é 'não'. Não é normal não querer ouvir, não querer saber, ignorar ou compactuar. Não é normal um assunto tão certo ter um caminho tão difícil. Não é normal aceitar que o normal seja uma anormalidade."  Este episódio d'@obrinco #nãoénormal, pelo que fomos ao outro lado da 2a Circular e, com a ajuda de Diogo Faro (@SensIdiota), comediante assumidamente ativista, analisamos estes tempos onde ser decente é considerado uma aberração. Uma conversa franca e interessante sobre um tema que, muitas vezes, está mais próximo de nós do que gostaríamos.

"O Benfica tem África no coração!" Verdade ou mentira? Da viagem em 2010, de Norte a Sul do continente africano, de João Fontes, João Henriques e Tiago Carrasco à de 2020 de João Roque vão bem mais do que 10 anos de distância, muito mais do que 10 mil quilómetros. Neste infindável continente repleto de histórias e personagens indescritíveis e de memórias inesquecíveis, a viagem destes três amigos benfiquistas é o mote para pensar a ligação de África com o futebol e do Benfica com a africanidade.

Bem-vindo, 2020, adeus, 2019. Do Brinco do Baptista à #reconquista do bom futebol do Sport Lisboa e Benfica, passando pelas inúmeras situações de populismo dos políticos, do racismo, da violência doméstica e de tantos outros problemas sociais, o ano que agora finda trouxe muitos temas e assuntos para olharmos e pensarmos. No episódio #25 recapitulamos todas as conversas que marcaram o primeiro ano do Brinco e recordamos os convidados que nos ajudaram a pensar o passado, a viver o presente e a preparar o futuro, porque o futebol não acaba nas quatro linhas e todos temos de deixar o mundo um pouco melhor do que o encontrámos.

Minuto 89: o lance é de penalty para a equipa visitante, o golo pode dar a vitória e o título, o ambiente está escaldante e pode descambar por completo. Marcar ou não? Gueorgui Ivanov, antigo árbitro, ajuda-nos a compreender um pouco mais a pressão que existe por detrás de cada decisão arbitral. Num jogo que está em indiscutivel mudança por causa do VAR, o árbitro continua a ser o mais mal-amado de todos os intervenientes e a eterna ovelha negra do jogo. @Aires, @João e @Sérgio procuram algumas pistas para o que pode ser o futuro da arbitragem.

Os tempos são outros e o ouro, incenso e mirra foram substituidos por dúvidas, respostas e uma noite de conversa sempre ao ataque. Filipe d'Avillez entra em campo com Aires Gouveia, João Tibério e Sérgio Engrácia e explica em que posição é que Deus joga no mundo do futebol. E no mais ecuménico de todos os jogos até deu para um prolongamento no Benim com o jornalista Tiago Carrasco e o feiticeiro local.

"Seremos uma equipa de diabos. As nossas cores são o vermelho, como o fogo, assim como o preto, de forma a causar medo nos adversários." Herbert Kilpin. Rui M Tovar, Irati Prat, Mairon Rodrigues e João Gonçalves juntam-se à conversa para desvendar alguns segredos e curiosidades do AC Milan, criado a 16 dezembro de 1899, uma das bestas negras do Sport Lisboa e Benfica. De colosso do futebol mundial e equipa-pesadelo dos anos 90 a gigante adormecido, o Milan é muito mais do que Berlusconi ou Maldini.

Se umas das nossas principais lutas é Contra o Futebol Moderno, então é possível que o primeiro passo seja que cada um apoie o seu clube local. As associações, agremiações, grupos desportivos, ou clubes são um aspeto definidor da comunidade onde se inserem e o Seixal não é caso único. Do Seixal FC ao Seixal Clube 1925 distam 94 anos e muitas histórias singulares, incluíndo a presença na 1.ª Divisão do Campeonato Português, na década de 1960. Porém, o que torna o Seixal Clube 1925 tão especial é, apesar de ter uma história de paraíso e inferno em tudo semelhante a outros clubes, ter conseguido ultrapassar todas as contrariedades assente na sua terra, nas suas pessoas. O Ricardo, do departamento de comunicação deste clube, junta-se ao Aires, João e Sérgio para desvendar alguns dos segredos deste vizinho do Sport Lisboa e Benfica.

Se a arquitetura trata dos aspetos funcionais, construtivos e estéticos dos edifícios e construções, se o urbanismo resolve os problemas decorrentes da organização e planeamento de uma cidade, o futebol parece que "apenas" nos inquieta. E é esta inquietação do José Mário Branco que contagia o @tiagoms, @AiresGouveia, @Yoko1904 e o @joaotiberio neste episódio digno das obras de Santa Engrácia. Esta viagem acaba por ser mais um esquisso do que é futebol na sua plenitude e mostra que ele é mais do que um jogo, e que este jogo é muito mais do que um estádio ou um campo. Para ser ouvido nos agregadores do costume.