História FM

Os interesses do nacionalismo romântico do século XIX fizeram com que o recém-fundado Brasil precisasse de seus mitos fundadores e histórias que exaltassem as virtudes nacionais. Era necessário criar histórias em comum que unisses povos e cores tão distintos em origem, interesses e direitos, e para tal se iniciou um processo de escrita da história do país de maneira organizada e intencional, para além de textos que haviam sido escritos décadas ou séculos antes. No desenrolar dos anos a historiografia brasileira foi gradativamente evoluindo, deixando de lado a instrumentalização nacionalista e ficando cada vez mais apta a entender e explicar as complexidades do país. Mas como se escreveu a história do - e no - Brasil? Quem foram os nomes mais conhecidos da historiografia brasileira? Convidamos o Prof. Fernando Nicolazzi para nos explicar os meandros da historiografia brasileira.

Há duzentos anos o Brasil passava pelo seu processo de independência, se emancipando de Portugal, que viria a culminar no Império do Brasil. Longe de ser um momento onde o povo se uniu em torno da figura de D. Pedro I em um brado retumbante, a independência foi um processo complexo, envolvendo uma série de interesses dentro e fora do novo país e questionado por regiões que buscavam suas próprias independências. A independência acabou mantendo o poder das elites agroexportadoras, a escravidão e o regime monárquico. Convidamos os professores Jurandir Malerba e João Paulo Pimenta, autores do "Almanaque do Brasil nos tempos da Independência" e "Independência do Brasil", respectivamente, para conversamos sobre os meandros complexos do processo de Independência do Brasil.

O povo curdo possui milhares de anos de história, mas nos últimos anos chama a atenção a intensa luta capitaneada por diferentes grupos curdos em diferentes lugares do Oriente Médio, com destaque especial para Rojava. Diante da ameaça do Estado Islâmico e em contextos difíceis tanto em relação ao governo Sírio quanto à Turquia, os curdos de Rojava vêm lutando por uma região autônoma, com um modelo de autogestão desvinculado da ideia de um Estado nos moldes tradicionais. No episódio de hoje conversamos com Florência Guarch sobre a história dos curdos, os movimentos surgidos no século XX e a atuação luta em Rojava que em 2022 completa dez anos.

Yusuf ibn Ayyub ibn Shadi, mais conhecido como Saladino, foi uma das figuras mais conhecidas do mundo muçulmano pelos europeus. Tendo sido sultão do Egito e da Síria, Saladino foi um grande adversário dos europeus durante a segunda e na terceira. Seu trato com os cristãos - incluindo aí os prisioneiros - chamou a atenção de seus adversários, a ponto de atrair até mesmo a admiração deles. No entanto, sua vida vai além da participação nas cruzadas. No episódio de hoje conversamos com o Prof. Otávio Luiz para conhecer um pouco mais da vida de Saladino e seu legado.

A Guerra dos Trinta Anos é um conflito muitas vezes deixado de lado quando se pensa em História das Guerras, uma vez que outras guerras de muito maior escala ocorreram no próprio continente europeu nos séculos que se passaram. Logo, ela acaba sendo preterida no imaginário popular por conflitos como as Guerras Napoleônicas, ou mesmo as duas grandes guerras. Contudo, o grau de violência, intolerância religiosa e o número de perdas humanas dessa guerra deixou marcas profundas por onde ela passou. Mais do que isso, o fim do conflito deu origem à Paz de Westfália, deu o pontapé inicial no modelo moderno de Estados soberanos como unidades políticas dotadas de direitos, estabelecendo estruturas mais sólidas do que hoje entendemos por Relações Internacionais. Convidamos o Prof. Peter Mainka para explicar o que foi essa guerra, seus impactos e as memórias sobre ela hoje.

Nascido Iosif Vissarionovich Dzhugashvili em 18 de dezembro de 1878 em Gori, na Geórgia, Josef Stalin foi o mais longevo governante da União Soviética. Após chegar ao poder, Stalin empreendeu uma série de medidas que buscavam acelerar o crescimento econômico da União Soviética e consolidar sua perspectiva de "socialismo em um só país". Nesse processo, seu governo foi envolto em uma série de controvérsias que vão desde o Holodomor até os expurgos de 1937 e 1938, passando por sua atuação durante a Segunda Guerra Mundial e indo até sua morte. Convidamos Rodrigo Ianhez e Felipe Demier para discutir a trajetória de vida de Stalin, suas conquistas, as controvérsias, os atos de violência e sua atuação em momentos-chave da União Soviética, bem como seu legado para o país e para o socialismo e o comunismo ao redor do mundo, que permanece em disputa.

Embora a Europa já tivesse colocado seus pés na África séculos antes e já tivesse alguma influência sobre certas regiões do continente, foi no século XIX em que o colonialismo europeu sobre a África explodiu. As principais potências europeias acordaram em dividir o continente entre si, e o resultado disso foi o estabelecimento de colônias que não apenas brutalizaram os habitantes originais dos territórios ocupados, como também contribuíram de maneira decisiva com o subdesenvolvimento do continente africano. Convidamos o Prof. Otávio Luiz para nos contar com mais detalhes como ocorreu e como se estabeleceu a partilha da África.

O Socialismo é uma das ideologias políticas que ajudou a moldar a cara do século XX, ainda que surgida antes dele. Tendo estado por trás de revoluções buscando melhorar a vida da maior parte da população, mas tendo sido também usado como legitimador de violências, o socialismo foi e continua sendo uma ideologia que molda os objetivos, táticas e estratégias políticas no presente, nunca saindo do horizonte de milhões de pessoas que nele acreditam. Dando seguimento à trilogia sobre ideologias iniciada no episódio sobre Anarquismo, convidamos Sabrina Fernandes do canal Tese Onze para nos explicar o que é socialismo, sua história, suas vertentes e responder às críticas mais comuns que a ideologia recebe por parte de seus críticos.

Em 4 de julho de 1776 foi proclamada a Independência dos Estados Unidos da América – comumente chamada de "Revolução Americana" nos EUA –, um agrupamento de treze ex-colônias inglesas no leste do continente americano. Essa independência, além de fundar o que hoje é a principal potência mundial, serviu de inspiração para diversas outras independências no continente americano, abrindo um precedente para noções iluministas, mas mantendo uma série de contradições do período que barravam o avanço de direitos para determinados grupos sociais. A guerra que levou a esse processo e o consolidou, resistindo às tentativas inglesas de reverte-lo, foi sendo cada vez mais romantizada com o passar dos anos e até hoje faz parte do léxico de diferentes grupos políticos. Convidamos o Prof. Arthur Lima de Avila para nos contar como ocorreu a Independência dos Estados Unidos, com participação especial do Prof. Vitor Soares, do podcast História em Meia Hora.

Durante 116 anos o que hoje chamamos de Inglaterra e França lutaram diversas batalhas e realizaram diversas campanhas que a partir do século XIX foram chamadas de Guerra dos Cem Anos. Responsável por grandes mudanças sociais e políticas, e responsável também por marcar certos nomes na história, a Guerra dos Cem Anos é um tema por vezes negligenciado no Brasil. No episódio de hoje convidamos o Prof. Ives Costa para nos explicar o que foi essa guerra, como ocorreu, qual a relação dela com outros eventos da época e qual a memória construída em torno dela, especialmente a partir do Romantismo no século XIX.

Em 22 de junho de 1941 a Alemanha nazista iniciou a maior invasão da história: a Operação Barbarossa. Com uma força de cerca de três milhões de pessoas, a invasão idealizada por Hitler gerou o mais violento e mais sangrento teatro de operações da Segunda Guerra Mundial. O resultado dessa invasão foi a quase extinção da União Soviética e derrotas alemãs que foram determinantes na futura derrota dos nazistas na Segunda Guerra Mundial. Lutando por sobrevivência, mas também pelo desejo de desforra, os soviéticos empurraram os nazistas de volta para seu país e efetivamente derrotaram Hitler em sua própria capital. Convidamos Júlio César Guedes do canal Sala de Guerra para explicar os meandros deste que foi o front mais brutal da Segunda Guerra Mundial.

Em 1982 o mundo foi pego de surpresa quando a Argentina, em profunda crise política e econômica, decidiu tomar o controle das Ilhas Malvinas. Estas, controladas pelo britânicos desde 1833 e chamadas por eles de Ilhas Falkland, estavam no centro de um eterno entrevero entre os dois países, uma vez que a Argentina sempre entendeu as Ilhas Malvinas como suas. A invasão deu origem à Guerra das Malvinas, que durou apenas alguns meses e foi uma derrota rápida e humilhante para a ditadura argentina de Leopoldo Galtieri, sendo até hoje considerada um dos fatores que acelerou o fim desta ditadura. Convidamos Matias Pinto do podcast Xadrez Verbal para nos contar como foi essa guerra e quais os resultados dela.

Quando se pensa em figuras históricas da Idade Média, poucas são tão conhecidas e lembradas quanto Joana D'Arc. A jovem que esteve do lado francês durante a Guerra dos Cem Anos fez parte de batalhas importantes, angariou vitórias significativas e por conta de seu papel na guerra, acabou sendo presa sob argumentos de matriz religiosa que lhe levaram à fogueira. No entanto, apesar de sua morte precoce, Joana D'Arc se tornou uma figura lendária, reivindicada por diversos grupos, desde feministas a conservadores católicos, além de fazer parte da cultura popular de diversas maneiras. No episódio de hoje conversamos com a Prof. Flávia Amaral para entender como Joana D'Arc se tornou guerreira, santa e símbolo nacionalista. 

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, uma série de disputas internas na península coreana sobre os rumos da região recém libertada do imperialismo japonês teve início. E o resultado deles foi a divisão da península em duas nações separadas: a República da Coreia e a República Popular Democrática da Coreia, respectivamente conhecidas como Coreia do Sul e Coreia do Norte. De lá pra cá a Coreia do Norte vem sendo um modelo peculiar e bastante singular em relação ao resto do mundo, levantando curiosidade, mas também uma série de polêmicas sobre como de fato funciona a vida dentro de suas fronteiras. Todos os segredos em torno do país fazem com que ele seja alvo de intensas disputas narrativas, e muito do que se sabe sobre o país precisa ser filtrado no meio de uma imensidão de propaganda a favor ou contra a nação. Convidamos o Prof. Fernando Pureza para nos contar mais sobre a história da Coreia do Norte e sobre como lidar com as dificuldades de se estudar e se informar a respeito dela.

De todas as guerras da antiguidade, poucas são tão conhecidas quanto as Guerras Púnicas. Travadas durante mais de cem anos entre duas grandes potências do Mediterrâneo, os três conflitos terminaram por consolidar o poder de Roma e resultaram no extermínio de Cartago, sua maior rival. No episódio de hoje convidamos Vinicius Fedel do podcast Colunas de Hércules e Luiz Felipe Zimmerman para conversar sobre cada uma das três guerras entre Roma e Cartago, os incidentes resultantes desses conflitos, suas consequências e sobre como a historiografia do século XIX ajudou a perpetuar mitos em torno desse assunto.

Nascido em Tréveris, na Alemanha, em 5 de maio de 1818, Karl Marx é ainda hoje um dos filósofos mais influentes, reverenciados e odiados mundo afora. Suas formulações em torno da natureza do capitalismo influenciam milhões ainda hoje, e seus escritos sobre uma possibilidade de futuro socialista influenciaram revoluções pelo mundo todo, ainda que muitas delas sejam alvo de debates eternos sobre a natureza de seus regimes posteriores e sobre o quanto teriam desviado dos pressupostos socialistas originais ou não. No entanto, Karl Marx é mais que apenas seus escritos: Marx foi um sujeito com uma vida, anseios, problemas, conquistas e fracassos. No episódio de hoje convidamos o Prof. Demian Melo para conversar sobre a trajetória de vida de Marx e seu legado. Para ficha técnica com dados deste episódio, links para os livros recomendados e mais, procure este episódio em historiafm.com

Tendo sido um dos berços da humanidade como a conhecemos, o território da Etiópia viu uma série de reinos, línguas, culturas e religiões, e possui uma história muito rica. O que viria a ser o Império da Etiópia foi um dos mais longevos impérios da história, tendo sido dissolvido apenas na segunda metade do século XX, e a única região a ter escapado da partilha da África pelas potências europeias entre o século XIX e começo do século XX. E diante de tantos assuntos e histórias a serem contadas, convidamos o Prof. Otávio Luiz para nos contar as origens, os momentos mais marcantes e os detalhes dessa civilização.

Quando se fala em Segunda Guerra Mundial, um dos teatros que acaba sendo menos lembrados no senso comum e na cultura popular é o do Norte da África, e seu desenrolar também no leste, na região do chamado "chifre da África". No entanto, o teatro em questão foi responsável por acabar com a aventura imperial italiana, dividir as forças do Eixo, resolver os imbróglios causados pelas mudanças de hegemonia na região durante a guerra - como a possível perda do canal de Suez por parte do Império Britânico - e abrir caminho para a invasão do sul da Europa. Convidamos Júlio César Guedes do canal Sala de Guerra para explicar as complexidades do front africano na Segunda Guerra Mundial.  

Em 4 de abril de 1949 foi criada a Organização do Tratado do Atlântico Norte, uma organização surgida no contexto de Guerra Fria com o objetivo de criar uma junção de países dispostos a agir conjuntamente caso qualquer um deles viesse a ser atacado por algum inimigo. Com o passar das décadas a organização continuou crescendo, e mesmo com o fim da União Soviética e do Pacto de Varsóvia, seus principais antagonistas, a organização não só não foi extinta como continuou se expandindo. Convidamos o Prof. Tanguy Baghdadi para conversar sobre a história da OTAN, seus meandros e sobre como suas tentativas de avanço atuais contribuíram para que o conflito na Ucrânia viesse a ocorrer, com participação de Vitor Soares, do Podcast História em Meia Hora.

Após a promulgação do AI-5 a repressão durante a ditadura civil-militar no Brasil - que já existia - recrudesceu. Vemos a partir desse momento o aumento da perseguição aos dissidentes, ao mesmo tempo em que as facetas mais radicais da dissidência passam a atuar de maneira mais virulenta como resposta à repressão e ao cerceamento de liberdades civis, culminando no auge da luta armada. Paralelamente a isso, temos desde uma copa do mundo ao dito "milagre" econômico, trazendo ainda mais complexidade ao debate sobre os anos de chumbo. No episódio de hoje convidamos Ricardo Duwe e Mariana Joffily para discutir sobre os anos da ditadura entre 1968 a 1974, com a eliminação da Guerrilha do Araguaia.