Inconsciente E Adoecimento Psíquico Na Psicologia Soviética

  • Autor: Flávia Gonçalves da Silva
  • Editora: Editora Appris
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Sinopse

Os estudos da psicologia histórico-cultural geralmente são centrados no psiquismo, com base em processos conscientes ou que possibilitam sua formação, como a atividade, a personalidade, as funções psíquicas e a própria consciência. Apesar de em nenhum momento os estudiosos colocarem o sinal de igualdade entre psiquismo e consciência, o que não faz parte desta, ainda é pouco investigado. O propósito do livro Inconsciente e adoecimento psíquico na psicologia soviética é conhecer e analisar parte dos processos e conteúdos que não são conscientes e sua relação com o adoecimento psíquico.
O livro parte deste pressuposto: consciência e inconsciente não têm relação antagônica, mas de interdependência. E, assim como a consciência, que para a psicologia histórico-cultural, é socialmente construída, o inconsciente tem a mesma origem: é constituído no processo de internalização da cultura.
É irrefutável que a consciência possibilita ao indivíduo o conhecimento sobre si e sobre a realidade, não apenas na sua forma imediatamente perceptível, mas principalmente pelas mediações constitutivas do contexto em que o indivíduo está inserido. Desse modo, é factível considerar que os processos de sofrimento e adoecimento psíquico, entendidos como processos que obstruem o desenvolvimento por meio de desorganização ou desintegração do psiquismo, determinam (ou são determinados pela) a vida psíquica, incluindo a consciência.
Tanto a desintegração como a desorganização ocorrem quando as mediações mais elaboradas que possibilitam o desenvolvimento qualitativo e quantitativo do psiquismo são empobrecidas ou impedidas, levando o indivíduo a uma relação mais imediata com a realidade. Tais processos também promovem a diminuição ou a impossibilidade do domínio da própria conduta, pelo estreitamento ou não do desenvolvimento de processos psíquicos que permitem tal controle. Assim, há uma diminuição da mediação dos processos volitivos na conduta, podendo, nos casos mais graves, haver o predomínio de conteúdos inconscientes e processos não conscientes. Estes não são a causa do adoecimento, tampouco a consciência, mas é necessário compreender a dinâmica e a construção desses processos para que intervenções voltadas a romper com as obstruções do desenvolvimento possam ser implementadas nos diferentes espaços de atuação do psicólogo.