Sinopse
Publicado originalmente em 1999, Correio do tempo reúne relatos breves que mesclam ironia, delicadeza e profundidade, num estilo que consagrou Mario Benedetti em romances como A trégua, clássico contemporâneo da literatura latino-americana.
Os contos neste livro tratam dos mais diversos tipos de encontros e despedidas, do distanciamento e da passagem do tempo: uma criança passa um fim de semana na casa do pai separado; um homem doente escreve ao amigo pela última vez; sobreviventes de dois naufrágios diferentes se encontram acidentalmente numa ilha deserta; uma visita inesperada de um preso político ao seu algoz; e um relato, cheio de compaixão, de um homem preso por matar quem amava. A maestria de Benedetti é evidente nos mínimos detalhes. Em recortes precisos, o escritor uruguaio é capaz de imprimir um humor sutil a suas histórias mesmo nos momentos mais improváveis, talento que se tornou uma de suas marcas registradas:
"Houve um tempo em que eu sonhava com enchentes. De repente, os rios transbordavam e inundavam os campos, as ruas, as casas e até minha própria cama. Aliás, foi em sonhos que aprendi a nadar, e graças a isso consegui sobreviver às catástrofes naturais", diz o personagem de um conto, para depois reclamar que sua nova habilidade funcionava apenas em sonho, "pois mais tarde tentei exercê-la, completamente acordado, na piscina de um hotel e quase morri afogado".