Sinopse
Esta obra, além de apresentar casos empíricos de práticas coloniais no tempo presente, arrisca sugerir ao leitor um novo conceito – continuum colonial – que pretende alargar ou mesmo ir adiante da tradição, já consagrada dos estudos pós-coloniais, ao contestar a passagem da condição colonial para a de pós-colonial dos povos invadidos pelas "missões civilizatórias" do século XV. O continuum colonial expressa, no tempo presente, as formas iniciais de expropriações utilizadas pelos colonizadores que se aventuraram além-mar nos idos dos anos de mil e quinhentos. Nos contextos atuais, a herança política, econômica, cultural, administrativa e fundiária das relações coloniais favorece a elite herdeira colonial de exercer o controle das estruturas privadas e públicas. Por sua vez, as elites locais e globais, coligadas, herdeiras do habitus colonial, operaram o continuum colonial na sociedade colonial (= moderna) e seguem usurpando a vida daqueles por elas classificados como tradicionais, atrasados, subdesenvolvidos, indolentes e ignorantes, pobres, desqualificados, desempregados, sob a evasiva de levá-los ao desenvolvimento, ao progresso.