Sinopse
Mari de repente pediu desculpas a Adah e chamou atenção de todos. Desculpas por quê? – Adah perguntou imediatamente. Mari explicou: o questionamento que queria fazer poderia desagradar. Adah perguntou como assim. Então Mari voltou a falar no quadro que Adah estava terminando de pintar e deu origem às rememorações. Todo mundo achava que aquela figura nua sobre uma navalha era Amâncio de Flores. Será que era mesmo? – perguntou. E se fosse, certamente, foi uma escolha do fundo da consciência de Adah, tão fundo que parecia uma escolha do subconsciente, talvez até do inconsciente. Mas viesse de onde viesse, se aquele careca topetudo referia-se mesmo a Amâncio de Flores, ela queria saber sobre o porquê daquela escolha. Por que a imagem do homem branco para representar os ancestrais fundadores? Por que a imagem do senhor? Havia ali preferência, afeto? Mari achava que o quadro colocava em evidência a força que o português topetudo ainda exercia no imaginário da família e perguntou de novo por que, no início do século 21, valorizar o ancestral branco, o benfeitor, e não seus verdadeiros heróis. Mari estava com os olhos marejados quando perguntou isso. Por quê? – insistiu.