Sinopse
Para além de mencionar isolamento e pandemia em palavras, a leitura deste livro me fez perceber o quanto fala coisas pro hoje de inumeráveis formas. A gentil proposta de Luis Oliveira e Nilo Siqueira coloca todes nós num ponto de inflexão. Entre o que se fazia e as escolhas para o futuro. Não era como se as coisas dependessem de nossa ação, porque a impressão é que nós escorregávamos no cotidiano, e que fomos empurrades até o hoje, numa insensibilidade lobotomizada. "Tic-Tac". Estes versos transmitem que, o que puder ser escolhido, vivido, caminhado, trabalhado, já pode ajudar na trajetória de sermos algo mais do que essa coisa determinada de antes. As rimas de Luís são cheias de sabor: adoro quando se rima o sentido mais que a palavra, ou que repete a palavra para multiplicar o sentido, ou quando rima ao terminar com o sentido que começou. Eu desejo a vida idílica e mágica dessas rimas para enfrentar os desafios do real. E sobre a ilustração fico curiose, muitas vezes os objetos são definidos e sombreados e as pessoas são representadas com traço bastante anárquico, revoltoso. Não sei se por intencionalidade, seria igualmente interessante se fosse inconsciente. Afinal somos e estamos neste emaranhado caótico mesmo, de pensamentos e atitudes. Nilo tem habilidade em transbordar de energia cada uma. Elu não precisou desenhar os detalhes microscópicos do olhar para garantir expressividade, e também soube fazer isso quando coube. Queria dizer, por fim, que estas páginas permitem divergência entre es artistes, criando um solo fértil maravilhoso para sua manifestação. E daí se questiona a ilustração como ato visual de apenas representar o que está escrito. Aqui é outra coisa. É liberdade criativa e de opinião, autonomia para combinar, pra questionar e até, como fazem aqui, pra sintetizar algo totalmente novo.
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Nessas páginas vocês depararão com o Bucólico, o Corriqueiro, o Ridículo, o Horror, a Alucinação, o Absurdo, A Revolta, o Amor, o Perdão... Quem sabe a gente não se esbarra nelas.