Sinopse
Havia na estante a coleção completa do Tesouro da Juventude a me olhar desafiadoramente, com o seu Livro dos Porquês e suas folhas cheirosas e brilhantes. E o resumo de grandes obras literárias, iniciação juvenil, verdadeiras janelas abertas para o mundo. Lobato, o mágico, com a Gramática da Emília, Reinações de Narizinho, Os Doze Trabalhos de Hércules e a mitologia ao alcance de todos. Havia a coleção arrumada das Seleções até o último exemplar do mês e O Pequeno Príncipe, presenteado pelo professor de latim, quando fiquei encarcerado no quarto por causa de uma hepatite devastadora. (...) Havia o rádio e os relógios decompostos, os quais eu jamais fizera funcionar novamente. E Stefan Zweig, falando de um país de um futuro que não chegava nunca, sepultado entre Fouché, Maria Antonieta, Maria Stuart, Caleidoscópios e Calvino. Mas não havia a pessoa do Pessoa, nem a Emily Dickinson, construtora de Naturezas, nem as flores de Baudelaire, e o sábio astrônomo de um americano chamado Walt Whitman, ou o Emerson, com a sua poesia filosófica, ou o canto telúrico de Neruda. E não havia o Borges, com os seus espelhos e labirintos, nem o argentino González Pecotche, com a sua Logosofia evol...