As Roupas Fazem As Pessoas

  • Autor: Instituto Mojo
  • Editora: Literatura Livre – Sesc São Paulo
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Sinopse

Gottfried Keller narra, de maneira brilhante e bem-humorada, as desventuras de Wenzel Strapinski, um alfaiate desempregado e faminto que vaga sem destino e cuja única posse são suas roupas, distintas e elegantes, feitas por ele mesmo. Exatamente por usar roupas bem acabadas e por ser um jovem esguio e belo, Strapinski é carregado por uma sequência de enganos — arquitetados ou não — sobre sua pessoa. Confundido com um conde polaco, se hospeda na cidade de Goldach, onde inadvertidamente cai nas graças de seus habitantes. Entre matar sua fome e o medo de revelar a verdade, tenta fugir, mas se apaixona por uma bela nobre da região. O texto mostra como uma pequena brincadeira e alguns enganos podem levar a consequências extraordinárias e fora de controle.
Até que ponto somos responsáveis pelo nosso destino? Até onde nossas escolhas nos levam? As roupas fazem as pessoas, em um estilo que já foi chamado de "comédia confusa" e "poesia realista", levanta tais questões e faz uma análise crítica e atemporal da superficialidade da sociedade. Não são os valores intrínsecos que servem como base para a avaliação de alguém, mas um mero sinal externo de prosperidade. Ainda assim, propõe uma resposta harmoniosa e conciliadora. Keller sugere que, em última análise, o ser é mais importante do que o (aparentar) ter.
Três lugares e culturas se confundem na narrativa: Suíça, Alemanha e Polônia, compondo uma história fascinante sobre a natureza rica e sutil da sociedade europeia no começo do século 19, mostrando como aspectos medievais se estendem, muitas vezes imperceptivelmente, até os dias atuais. No entanto, a reflexão que o livro propõe ultrapassa características meramente socioculturais e adentra campos psicológicos universais. A forma como nos apresentamos aos outros é um reflexo de nossa cultura e sistema de crenças. A aparência é também uma forma de interculturalidade, mesmo quando construída habilmente para enganar.
Trata-se de um texto atemporal, especialmente ao tratar de uma questão universal ao navegar no tema das pessoas que empregam — conscientemente ou não — esforços para projetar uma imagem maior e mais próspera de si, a qual muita vez contradiz diretamente a imagem real.
Título original: Kleider machen Leute (1874)