Sinopse
O que acontece se toda uma geração, nascida burguesa e criada na convicção de poder melhorar - ou, na pior das hipóteses, de manter - a própria posição na pirâmide social, de repente descobre que as vagas de trabalho são limitadas, que o que considerava direitos são, na realidade, privilégios e que nem empenho nem talento serão suficientes para defender essa posição do terrível espectro do declassamento? O que acontece quando a classe adequada se descobre inadequada? A resposta está diante de nós todos os dias: um exército de pessoas entre vinte e quarenta anos, decididas a postergar a idade adulta colecionando títulos de estudo e trabalhos temporários à espera que as promessas sejam finalmente realizadas, vítimas de uma estranha «disforia de classe» que as leva a viver acima do que lhes permite seus meios, a dilapidar os patrimônios familiares para ostentar um estilo de vida que dá testemunho, ao menos em aparência, de seu pertencimento à burguesia. Num percurso que vai de Goldoni a Marx, de Keynes a Kafka, lendo a economia como se fosse literatura e a literatura como se fosse economia, Raffaele Alberto Ventura formula uma autocrítica impiedosa dessa classe social, «demasiado rica para renunciar às próprias aspirações, mas muito pobre para realizá-las». E, sobretudo, desmonta o papel das instituições laicas que continuamos a venerar: a escola, a universidade, a indústria cultural e o social web.